
Paulo Leminski é um dos poetas brasileiros mais interessantes do seu tempo. Fez parte da geração de poetas marginais dos anos 70, surgida com o advento das revistas alternativas da distante Curitiba, de onde era natural. Foi parceiro dos irmãos Campos (Augusto e Haroldo), de Décio Pignatari, de Arnaldo Antunes, de Caetano Veloso, de Gilberto Gil… Amizades selectas. A sua obra assimilou elementos da primeira fase do Modernismo Brasileiro, como a coloquialidade e o bom-humor, do Concretismo e também da Poesia Oriental, que inspirou a criação de seus famosos Haicais, corruptela de Haikus, que eram poemas breves, lapidares, muitas vezes jogando com as palavras, criando trocadilhos, fazendo uso de ditados populares.
Mantinha relacionamento tanto com a vanguarda como com o mundo da MPB (escreveu letras de canções para o Caetano Veloso e para outros músicos de renome), com o objectivo de tornar a poesia uma expressão popular, universal. Nesse sentido, experimentou, conscientemente, uma linguagem fácil sem ser vulgar, musical e fluida. Era uma forma de mostrar que a poesia pode ser capaz de mobilizar multidões.
Mas nada de simplismos – era um homem muito erudito. Traduzia inglês, hebraico, tupi, japonês, latim, russo e sânscrito. Mas do que gostava mesmo era do ambiente fértil dos corredores das universidades, do boteco, das possibilidades do samba e da cultura popular. E sem ser um violento, era também cinturão negro de judo.
Prá Vc conhecer...
Confira
tudo que
respira
conspira
Paulo Leminski
Abrindo um antigo caderno
foi que eu descobri:
Antigamente eu era eterno.
Paulo Leminski
nunca cometo o mesmo erro
duas vezes
já cometo duas três
quatro cinco seis
até esse erro aprender
que só o erro tem vez
Paulo Leminski
esta vida é uma viagem
pena eu estar
só de passagem
Paulo Leminski
Haja hoje para tanto ontem.
Paulo Leminski
moinho de versos
movido a vento
em noites de boemia
vai vir o dia
quando tudo que eu diga
seja poesia
Paulo Leminski
O pauloleminski
é um cachorro louco
que deve ser morto
a pau a pedra
a fogo a pique
senão é bem capaz
o filhodaputa
de fazer chover
em nosso piquenique
Paulo Leminski
Créditos do Texto:
Bruno Fontes
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